A cerâmica ideal para ser usada em facetas dentárias é a cerâmica feldspática ou a cerâmica vítrea reforçada por leucite. Esta duas cerâmicas caracterizam-se por serem muito semelhantes às propriedades ópticas, estéticas e mecânicas do esmalte dos nossos dentes naturais. Ao contrário do que muitas estratégias de marketing publicitam, tentando vender a ideia de tecnologia avançada e inovação associadas a melhores resultados estéicos, a cerâmica feldspática é uma cerâmica muito comum e usada desde há muitos anos em medicina dentária, datando a sua primeira utilização a 1938 pelo médico dentista Charles Pincus. A grande dificuldade na utilização destas cerâmicas é a sua manipulação, por serem muito frágeis antes de serem coladas aos dentes. Muitos técnicos de prótese dentária e médicos dentistas evitam a sua utilização, optando por cerâmicas mais fáceis de manipular mas com resultados estéticos inferiores, como por exemplo a cerâmica vítrea reforçada por dissilicato de lítio ou a zirconia.
Após coladas, as facetas em cerâmica feldspática tornam-se tão ou mais resistentes que os dentes naturais.

As facetas em cerâmica feldspática são coladas de tal forma aos dentes, que o dente e a faceta se tornam como que um só. É praticamente impossível descolar uma faceta em cerâmica feldspática, quando colada de forma correcta sobre o esmalte dentário. A descoberta da cola (ou sistema adesivo) para aderir as facetas aos dentes remonta ao ano de 1955, quando Michael Buonocore descreveu a técnica que ainda hoje é usada, não sendo portanto nada de novo nem tecnologicamente avançado. O sucesso da colagem depende muitíssimo mais do rigor e do cuidado no cumprimento dos protocolos por parte do médico dentista do que da evolução tecnológica usada na cola. Após ser colada, a faceta e o dente tornam-se mais resistentes do que a soma das suas partes, formando assim uma peça única muito semelhante a um dente natural, que também é constituído por dois materiais colados biologicamente (o esmalte por fora e a dentina por dentro, sendo a cola biológica designada de junção amelo-dentinária).

As facetas cerâmicas permitem corrigir muitos problemasestéticos e funcionais, mas também têm limitações. Não são a panaceia para todos os problemas dentários e podem até ser inapropriadas quando soluções mais conservadoras estão disponíveis, como por exemplo o branqueamento dentário, ou as restaurações directas em resina composta.
Alterações da posição dos dentes (dentes tortos, apinhamentos e diastemas) podem ser resolvidos, até certo ponto, com facetas cerâmicas. Mudanças na forma, no tamanho e no volume dos dentes, assim como correcções de cor podem também ser tratadas com facetas cerâmicas. São também utilizadas no tratamento do desgaste dentário severo ou moderado, seja qual for a sua etiologia: mecânica (ranger dos dentes, ou bruxismo), química (bulimia, refluxo, alimentação excessivamente ácida), ou fracturas dentárias por acidente ou traumatismo.

Um tratamento com facetas demora, em média, 3 consultas.
Uma primeira consulta de planeamento que envolve a realização de uma história médica, moldes, fotografias, radiografias e o subsequente estudo do caso.
Uma segunda consulta com 3 etapas:

• Etapa 1: test-drive ou mock-up ou projecto, em que pode visualizar, testar e aprovar o resultado final antes do início do tratamento.
• Etapa 2: a preparação dos seus dentes, realizando-se pequenos desgastes (0,2 a 0,5 mm). Em alguns casos não há a necessidade de qualquer desgaste.
• Etapa 3: os moldes para o técnico de prótese dentária confecionar as facetas cerâmicas.

A terceira e última consulta corresponde à colagem das facetas em cerâmica aos dentes.

Os dentes com facetas cerâmicas têm um comportamento igual aos nossos dentes naturais, pelo que o seu uso e a sua manutenção não é diferente. A realização da higiene oral diária e consultas regulares anuais ou semestrais com o médico dentista são fundamentais para manter a saúde dos dentes e das facetas cerâmicas.

As facetas cerâmicas são frágeis apenas antes de serem coladas aos dentes, uma vez que são peças muito finas (com 0,2 a 0,5mm de espessura). Depois de coladas aos dentes, a faceta e o dente tornam-se como que um só e a sua resistência é igual ou superior à de um dente natural.

Existem diferentes tipos de facetas cerâmicas, consoante o material de que são feitas, e consoante a sua dimensão:

• Materiais: existem 3 materiais que podem ser usados na confecção de facetas: cerâmica feldspática,cerâmicas vítreas reforçadas por leucite e cerâmicas vítreas reforçadas por dissilicato de lítio. A cerâmica feldspática e a cerâmica vítrea reforçada por leucite são as que apresentam os resultados mais naturais e o melhor comportamento estético e por essa razão são as cerâmicas utilizadas nas nossas facetas dentárias.

• Dimensão: as facetas podem ocupar toda a parte da frente do dente e nesses casos são designadas de facetas, ou lentes de contacto. Podem também ocupar apenas uma parte do dente, quando queremos corrigir pequenos detalhes sem a necessidade de qualquer desgaste dos dentes, e nesses casos são designadas de fragmentos cerâmicos.

Podemos fazer apenas uma faceta, ou até 10 ou 12 facetas no mesmo maxilar, dependendo das necessidades estéticas e funcionais do tratamento.

O escurecimento das gengivas decorrente de tratamentos com coroas cerâmicas nos dentes da frente é um fenómeno muito discutido e debatido na comunidade científica, sendo designado por umbrella effect. Este efeito é muitas vezes erroneamente associado ao facto de os dentes desvitalizados apresentarem as raízes escurecidas. O fenómeno, no entanto, é bastante complexo e pouco ou nada tem a ver com o escurecimento das raízes dos dentes. O que contribui em maior grau para este efeito é na verdade um fenómeno óptico. Os nossos dentes funcionam opticamente como lanternas, ou seja, quando recebem luz ou radiação (do sol, ou de ambientes artificiais) têm literalmente a capacidade de emitir luz. Este fenómeno designa-se de fluorescência, e no dente a substância responsável por este fenómeno é a dentina. A dentina é a segunda camada dura dos dentes, sendo a primeira e mais superficial o esmalte. Para a dentina produzir este fenómeno - o da fluorescência - necessita de receber luz ou radiação. Isto acontece porque o esmalte, a camada dura sobre a dentina que se encontra à superfície dos dentes é quase transparente, deixando a luz passar e chegar à dentina.
Quando colocamos coroas cerâmicas sobre os dentes, se não utilizarmos materiais que sejam quase tão transparentes como o esmalte, estamos assim a impedir que a dentina receba luz ou radiação e que o fenómeno da fluorescência não ocorra.
Ora é este fenómeno da fluorescência da dentina que faz com que as gengivas ao redor dos dentes tenham um aspecto luminoso e vivo, em especial nos dentes do maxilar superior. Da mesma forma, quando este fenómeno é impedido, pelo uso de materiais pouco transparentes nas coroas cerâmicas, as gengivas apresentam um aspecto cinzento ou negro, sem vida.

O branqueamento é o tratamento estético-dentário mais inócuo e conservador pois não envolve, nem provoca, qualquer desgaste dos dentes. Ele é realizado com uma substância, de seu nome peróxido de carbamida, que dissolve e remove o pigmento, acumulado nos dentes ao longo dos anos, pigmento esse responsável pelo escurecimento dos dentes. Esta substância em forma de gel fica em contacto com os dentes, normalmente durante a noite e durante um período de 15 a 30 dias, através da utilização de umas pequenas goteiras com a forma dos dentes, dentro das quais é colocado o gel.